terça-feira, 20 de novembro de 2012

VINOTÍCIAS - DICAS SOBRE VINHOS - 47/2012 – Ano X

SELEÇÃO DE ARTIGOS VEICULADOS NA MÍDIA RELACIONADA A VINHOS




Os artigos a seguir são reproduções das matérias e arquivos veiculados nos principais jornais brasileiros, que tratam do tema, sendo citados sem nenhum valor de juízo, correções, inserções ou censura, procurando divulgar a cultura do vinho entre as pessoas que recebem o Vinotícias.



● MARCELO COPELLO – BACOMULTIDIA E VINOTECA - 13/11/2012

Escreveu o artigo “ESPECIALISTA AMERICANO APROVA VINHOS BRASILEIROS ” – Como escrevi no post passado, Frank Martell é diretor da Heritage Auctions, uma das maiores casas de leilões e vinhos raros do mundo, baseada em Dalas-EUA. Ele estave no Brasil para estudar nosso mercado. Aproveitei, claro, para fazê-lo provar algo nosso. Usei duas garrafas de clássicos brasileiros que por acaso tinha em minha adega. Vejamos o que ele achou: http://youtu.be/bsQUKtbbWn0 Ele acompanhou de perto (e foi um dos responsáveis) pela explosão do mercado de vinhos em Hong Kong. Os impostos lá eram 80%, depois baixados a 40% e depois a ZERO. O resultado foi muito positivo. Um exemplo para ser analisado no Brasil, baixar impostos para aumentar o consumo. Confira a entrevista no link http://www.youtube.com/watch?v=iZmh2GwNevQ Colaboração: Marcelo Copello (mcopello@bacomultimidia.com.br )



● ALEXANDRA CORVO – FOLHA DE SÃO PAULO – MEU VINHO - 14/11/2012

Escreveu o artigo “OS INCONTÁVEIS TONS DA CINZA”- Desculpem o trocadilho com o livro mais amado e odiado dos últimos tempos. É que, além de o nome coincidir, ela é uma das uvas mais adoradas, mas mais negligenciadas do nosso tempo.

Falo da pinot grigio. Ou pinot gris. Quer dizer cinza: é uma uva branca de pele acinzentada.

No final dos anos 90, foi sensação nos EUA. Seus vinhos, produzidos principalmente no norte da Itália, foram difundidos como gostosos, leves e fáceis... Até que ficaram fáceis demais - para não dizer vulgares, pela quantidade excessiva produzida para o mercado americano.

Há, hoje, uma calmaria depois dessa grande tempestade. E isso permite que produtores obtenham vinhos mais focados, bem-acabados e de vários estilos.

A escritora Patricia Guy no livro "Wines of Italy" é certeira: "Seus sabores permitem que esse vinho transite tranquilamente do bar à mesa".

Podem ser leves, com aromas de melão ou pera, fáceis para o aperitivo. Ou estilos mais artesanais e expressivos. Ou até com passagem em barricas, resultando em vinhos levemente tostados, para pratos de sabores intensos.

Teoricamente originária da Bourgogne (onde era conhecida como pinot beurot), aparece hoje no norte da Itália (Vêneto e Friuli) e na Alsácia.

Nesses climas mais frescos, os resultados são acidez mais marcada e um nariz frutado com toques minerais.

O Novo Mundo também vem fazendo experimentos com ótimos resultados, geralmente mais exuberantes e saborosos. Assim, o que poderia parecer apenas uma uva cinzenta é, na verdade, uma verdadeira paleta colorida de aromas e sabores versáteis.

SUGESTÕES DE VINHO:

● Isabel Estate Pinot Gris 2009 (Nova Zelândia) - Fruta fresca e algo mineral. Frutado, expressivo, fresco. Onde Mistral (tel. 0/xx/11/3372-3400) - Quanto R$ 94,53. Em BH: MISTRAL - Rua Cláudio Manoel, 723 - Savassi - BH. Tel.: (31) 3115-2100.

● Torresella 2010 (Itália) - Perfume delicado, lembra melão. Leve e simples. Onde Pão de Açúcar (tel. 0/xx/11/3886-0336). Quanto R$ 38,90.

● Rifeo Pinot Grigio 2009 (Itália)- Toques tostados e amanteigados. Cremosidade e acidez. Onde Vino Maestro (tel. 0/xx/11/3051-6921). Quanto R$ 56.

Alexandra Corvo trabalhou por 15 anos como sommelière nos EUA, Europa e Brasil. Hoje é proprietária do Ciclo das Vinhas – Escola do Vinho. Escreve semanalmente, às quartas, na versão on-line do “Comida” e a cada duas semanas na versão impressa do caderno.

● LUIZ HORTA – O ESTADO DE SÃO PAULO - PALADAR – GLUPT – 14/11/2012

Escreveu o artigo “A VIDA DAS UVAS QUE VIRAM VINHO” – O mais recente volume produzido sob a direção da wine writer britânica Jancis Robinson já é lançado como compra indispensável para quem gosta de vinhos. Tem 1.280 páginas, mede 29 x 19,2 x 7,8 cm, pesa quase 5 quilos com a caixa que o envolve e custa £ 78 (R$ 254) mais frete na Amazon inglesa (www.amazon.co.uk ). Seu título também é colossal: Wine Grapes: A Complete Guide to 1.368 Vine Varieties, Including their Origins and Flavours (Uvas viníferas: um guia completo para 1.386 variedades de uva, incluindo suas origens e sabores).

Ao abri-lo, com os verbetes explicativos e todos os nomes que queríamos saber mas não tínhamos a quem perguntar, e as mais belas pranchas coloridas, na melhor tradição de ilustradores botânicos ingleses, estilo Margaret Mee, a única pergunta é: como consegui viver tanto tempo sem esse livro? Ele foi imediatamente compor minha cada vez mais pesada prateleira de referências – curiosamente, formada só de livros com o dedo de Jancis: o Atlas Mundial do Vinho, o Oxford Companion to Wine, o How to Taste. Ela deixará um legado de pedagogia vinícola sem paralelo.

Mas como entrevistá-la sobre o lançamento? Trocamos alguns e-mails e ela confessou que já tinha esgotado o assunto. Na verdade, eu mesmo dera a deixa de que ela, nesta altura, já deveria estar farta de falar sobre o livro… Jancis agradeceu minha compreensão: “Sim, já disse tudo, acho”. Mas, sabidamente workaholic e amiga do Brasil, ela deu a entender que gostaria de oferecer algo original ao Paladar.

Cogitamos uma lista das perguntas mais frequentes que ela vem recebendo, e foi a solução. Jancis até pensou em colocar o questionário disponível para as centenas de centenas de pedidos de entrevistas que se seguirão. Nasceu assim o “Jancis entrevista Jancis sobre seu novo livro”, um trabalho urdido em cumplicidade, visando a deixá-la em paz.

Suei, mesmo assim, para dar um toque local e achar uma pergunta nova (o que, no caso, era mais ou menos como achar um ângulo novo para fotografar a torre Eiffel…). Mas, bem lá no final, consegui encaixar um comentário pessoal que acabou gerando uma anedota.

Em quanto tempo o livro ficou pronto? Em que o processo de produção diferiu dos anteriores? Levou quatro anos desde que minha assistente Julia Harding e José Vouillamoz (botânico e geneticista de uvas) se encontraram num almoço, em Londres. Ele sugeriu um livro sobre as variedades mais famosas e internacionais de uvas. Eu sugeri que fosse sobre as uvas que produzem vinhos mais comercializados. Estive muito envolvida na formatação e nas decisões editoriais que foram surgindo, mas a parte mais ampla de pesquisa inicial e redação ficou por conta dos outros dois Js (Julia e José). Escrevi a parte sobre as principais uvas (curiosamente, o que era a ideia original de José) e, depois, passei o verão de 2011 revisando e reescrevendo os textos, polindo aqui e ali, acrescentando dados. Finalmente, escrevi parte da introdução. Os quatro anos que a coisa toda durou consumiram mais tempo deles que meu, embora tenha tido um envolvimento quase obsessivo de minha parte nos últimos seis meses. Foi o livro feito de forma mais colaborativa de todos os que participei até hoje.

Como o leitor vai aproveitar a obra, na sua expectativa?

Ele vai ter uma série de momentos ‘veja só!’ e ‘quem diria!’ ao descobrir a relação de parentesco entre as castas (há mais de 300 conexões nunca antes reveladas, só para começar, além daquelas conhecidas apenas por terem sido mencionadas em discretos papers acadêmicos). Também vai gostar de entender como a história social moldou e determinou a distribuição geográfica das variedades de uvas pelo mundo. E curiosidades sobre uvas pouco conhecidas, a razão para desejarmos manter sua biodiversidade e a importância de recuperar castas praticamente extintas.

Entender melhor as uvas aumenta o prazer de beber vinho? Bem pensado. Acho que aumenta, sim, pois todo tipo de conhecimento em torno da bebida leva a melhor apreciação dos vinhos.

Sua casa é em Londres, mas você vive viajando. Como é um dia típico de Jancis?

Passo muitas horas alimentando meu site, JancisRobinson.com, e escrevendo, trabalhando em livros futuros, quase sempre na cama… Programas de viagem pedem bastante atenção para serem organizados, e tomam tempo também. Finalmente me levanto e vou a uma ou duas degustações. E ainda alguma degustação em casa, antes de ser alimentada por meu marido, Nick Lander, crítico de restaurantes do Financial Times (Nick Lander também foi dono de restaurante e cozinha bem. Ele publicou um livro recente, The Art of the Restaurateur, do qual o Paladar falou a respeito com destaque). Ou saímos os dois para comer.

O volume de trabalho que você produz, principalmente no site, é estonteante. Escrever é algo que faz com facilidade? Sim, sai fácil. Não sou grande estilista, mas espero que o que escreva seja claro, relativamente divertido e bem informativo. (Concordo, mas protesto quanto ao que ela diz sobre estilo: Jancis é ótima cronista e seu estilo é saboroso. Ela finge que não leu o elogio.)

Algumas noites você vai deitar resmungando: ‘Oh Deus, chega de Romanée Conti!’? Cansa? Nem vejo tanto Romanée. São duas ou três vezes por ano e puramente como degustação, tecnicamente e sem muita emoção. Mas entendo o que você quer dizer. Nunca me canso de vinhos, confesso. Apesar de o excesso de amostras não solicitadas ficarem chegando em quantidade quase ameaçadora…

Numa noite de sexta, depois de ter passado o dia degustando, você tira uma folga de vinho ou abre uma garrafa favorita? Há uma diferença enorme entre o modo como encaro degustação (com concentração, alerta, alguma tensão, precisando tomar notas de todas as minhas reações) e o jeito como bebo (relaxadamente, deixando o prazer me envolver, sem preocupação). Nunca me canso dos dois, mas a primeira ilumina e informa o segundo.

Wine Grapes é um livro avançado, para especialistas, ou basta interesse para apreciá-lo? Acho que é um livro para todo mundo que gosta de vinhos. Há um glossário no final. Evitamos usar jargão e muito termo técnico, ou presumir que as pessoas já soubessem do que falamos. É um livro amplo.

Na semana passada você recebeu uma condecoração do embaixador português, por serviços prestados aos vinhos de Portugal. Achei chique você usar um colar com as cores da bandeira portuguesa… Você reparou nisso? Foi pura coincidência, escolhi o colar para combinar com o vestido que Nick tinha me presenteado para a ocasião. Meus filhos gostaram mais da medalha portuguesa que da Ordem do Império Britânico que a rainha Elizabeth me outorgou tempos atrás. Gostei da homenagem, não senti que merecia, mas gostei muito dos vinhos servidos na recepção: Quinta do Vallado, da adega pessoal do embaixador, espumante Aliança, espumante rosado Luís Pato, porto dos Symingtons e um delicioso Madeira Barbeito.

Jancis Robinson alguma vez fica bêbada? Nunca me arrependi de nada da noite anterior. Mas já perdi meu Blackberry uma vez. Argh!

WINE GRAPES - Autor: Jancis Robinson, Julia Harding e José Vouillamoz. Editora: Allen Lane

(1.280 págs. £ 78, na Amazon.co.uk).



● CHRISTOVÃO DE OLIVEIRA JR. – BELOVINHO - VINOTÍCIAS – 18/11/2012

Escreveu o artigo “ CONFISSÕES DE UM BEBEDOR DE RÓTULOS ” – Finalmente chegou ao mercado o Toro Loco, vinho espanhol que na Europa custa cerca de três ou quatro euros e que em concurso às cegas ganhou de inúmeros vinhos que custam dezenas de vezes mais. A ansiedade é grande por parte dos enófilos e constantemente me perguntam sobre o vinho e sobre o seu sucesso. Quando me dizem com os olhos brilhantes “chegou o Toro Loco!” eu, de forma politicamente incorreta, devo confessar, só consigo responder: e daí?

Gostar de vinhos e procurar estudar sempre sobre ele tem inúmeras vantagens, mas também algumas desvantagens. Poucas coisas me irritam mais do que aquelas pessoas que vivem atrás de notícias que mostram que a avaliação de vinhos é algo subjetivo e, principalmente, altamente influenciável. São pesquisas de universidades, de grupos de “estudiosos” ou até mesmo de leigos. Pelo menos uma vez por mês alguém me envia por email algo sobre uma degustação às cegas na qual um vinho barato foi melhor avaliado que vinhos que são verdadeiros monstros sagrados. Estou cansado de dizer às mais variadas pessoas que podem poupar seu precioso tempo por dois motivos: em primeiro lugar, pelo tanto que eu leio, eu conheço estas experiências (estudos?, pesquisas?) muito mais que todas elas. Em segundo lugar, eu não preciso de qualquer estudo para saber que o prazer está muito mais ligado ao sentimento do que à razão (e como sou feliz com isso!).

Muitos críticos dos enófilos gostam de nos chamar de bebedores de pontos ou bebedores de rótulos. Querem dizer que nosso prazer não está no líquido que vem na garrafa, mas da fama de seu rótulo ou dos pontos que ganhou de determinado crítico. Não fico nem um pouco ruborizado de dizer a eles que no que me diz respeito eles estão completamente certos. Gosto de rótulos sim, gosto de pontos sim!

Estes críticos querem que ao beber um vinho, ou seja estamos no campo do gosto, no campo do prazer, eu tenha objetividade. Quase morro de rir! Estas pessoas que me pedem objetividade ao beber o fazem com suas roupas de grife, seus carros da moda, seus telefones high-tech que eles nem sabem como usar de forma adequada e por ai vai, e vai muito, mas muito longe. Quanta objetividade eles tem nas suas escolhas, não é? Será que estas pessoas já se perguntaram alguma vez quanta objetividade existe nas suas escolhas, se é que existe alguma.

Beber é um ato de prazer e, portanto, está muito mais associado ao nosso inconsciente, aos nossos sentimentos do que à razão, à lógica ou ao que eles chamam de bom senso (que só eu tenho que ter, não é?). Não quero, de forma nenhuma dizer que rótulos e pontos devem ser a nossa luz guia única. Uma dos objetivos de estudar tanto sobre ao vinho é ser capaz de extrair cada vez mais prazer desta bebida maravilhosa. É conhecer cada vez mais e aperfeiçoar cada vez mais nas avaliações. Para isto, desenvolver uma visão crítica sobre a sua qualidade é algo fundamental. Ser capaz de avaliar de forma independente, imparcial é um objetivo sempre perseguido. Quantas vezes já me perguntei se gastaria novamente o mesmo tanto em um vinho e minha resposta foi não, não gastaria novamente. Isto quer dizer que a experiência foi ruim? De forma alguma, realizar um desejo, um sonho mesmo, é algo que, dentro e determinados limites, vale muito mais do que o dinheiro que foi gasto para a realização, independente da avaliação final. Não me canso de dizer aos que criticam minhas avaliações de vinhos que eu, mais do que ninguém, estou cansado de saber que ao avaliar um determinado vinho em uma vinícola, na companhia do produtor estou sendo fortemente influenciado pelo ambiente, pela situação. Não preciso de ninguém para me dizer que diversas vezes avalio sob a ação de muita influência e, muito menos, preciso que me ensinem a ser “imparcial”; eu não quero. Não quero deixar de sentir minha pele arrepiar, não quero deixar de ter os olhos cheios de lágrimas em diversas situações, não quero deixar de deitar e ficar horas acordado revendo tudo o que vivi naquele dia. Muitas vezes fico imaginando como muitos consultores (alguns conhecidos e até amigos) fazem para agir de forma objetiva na hora de, durante uma vista a uma vinícola, escolher vinhos para os importadores. Talvez a resposta seja que eles fazem isto tantas vezes que a rotina cuida de fornecer esta objetividade. Se esta for uma resposta eu vou continuar rezando para que eu nunca a tenha. Quero continuar a sonhar com viagens, visitas, vinícolas, vinhos e prazeres que não tem preço, nem limite. Objetividade ao beber? Abrir mão das minhas emoções? Obrigado, não! O prazer é todo meu!



● RENATO QUINTINO – PAMPULHA – TURISMO – SABORES DO MUNDO – 18/11/2012

Escreveu o artigo “AÇÃO DE GRAÇAS E BEAUJOLAIS NOUVEAU” – Depois das festas e dos feriados de meados de outubro a meados de novembro, permeados de um clima soturno, como o Halloween e o Dia de Finados, o Dia de Ação de Graças, nas próximas quarta e quinta-feira deste mês, marca oficialmente, nos EUA e no Canadá, o começo das festas de fim de ano.

O motivo do “Thanksgiving Day” é bonito: as famílias se reúnem para agradecer a Deus pelas graças recebidas no ano. Num mundo onde é fácil pedir, mas nem sempre é comum agradecer, o feriado é carregado de louvável sentimento de comemoração pela gratidão.

O peru é o tradicionalíssimo símbolo da festa, assim como o é no Brasil na noite de Natal. Restaurantes célebres de grandes chefs fazem menus especiais, e quase não há uma opção para jantar fora nos dois dias de novembro que não seja do menu tradicional a outros revisitados para o Dia de Ação de Graças.

Pouco depois, à meia-noite, vem a Black Friday, quando as lojas de departamentos fazem grandes descontos, começando oficialmente o Natal, o que leva multidões às compras durante a madrugada.

Na terceira quinta-feira de novembro, por sua vez, é lançado o Beaujolais Nouveau, um dos vinhos tintos mais caros dentro do seu perfil, muito criticado, mas que tem uma legião de fãs, inclusive entre enófilos respeitados. São tradicionais festivais que muitos restaurantes fazem (em Belo Horizonte, serão vários) para a degustação do Nouveau, que, realmente, é uma delícia dentro de suas características de leveza extrema, aroma e sabor de frutas vermelhas frescas. Coincidentemente, o peru do Dia de Ação de Graças se harmoniza muito bem com um bem resfriado Beaujolais Nouveau. É uma boa forma de agradecer pelas graças do ano e se preparar para as muitas festas que virão até o réveillon.

RENATO QUINTINO é professor e consultor de gastronomia, vinhos e harmonização, escreve a coluna Turismo do Jornal PAMPULHA e o blog: www.renatoquintino.com.br



● MIRIAM AGUIAR – OS VINHOS QUE A GENTE BEBE – 18/11/2012

Escreveu o artigo: “UM VINHO MUITO PARTICULAR” - Visitar a Alsácia era um desejo antigo meu, desde a primeira vez que tomei os vinhos das varietais Gewurztraminer e Riesling do produtor Trimbach no Brasil. Provar suas maravilhas in loco já valeria a visita.

Mapa da Alsácia

Mas o encantamento foi além dos vinhos, porque a região é simplesmente linda. Dividida em dois departamentos, Baixo Reno e Alto Reno, cujas capitais são Strasburgo e Colmar, respectivamente. É difícil de fato escolher o que é mais belo ali: a clássica cidade de Strasburgo, com sua majestosa Catedral de Notre Dame, a tipicamente alsaciana, Colmar, ou as inúmeras villages floridas de arquitetura medieval e renascentista que emolduram as colinas dessa região. Parece exagero, mas não é.

De origem germânica e romana, 160 localidades alsacianas já cultivavam a vinha antes da idade média e tiveram seu apogeu no século XVI, período interrompido pela Guerra dos 30 anos. Aliás, a Alsácia é uma região sofrida pelas guerras, em função de sua posição fronteiriça estratégica, entre a França, a Alemanha e a Suíça e nas proximidades do Rio Reno. Já pertenceu à Alemanha, já foi dividida entre as nacionalidades francesa e alemã e foi ocupada pelos nazistas entre 1940 e 1945. Assim, tem de fato muitos traços germânicos, como os vinhos brancos da casta Riesling, e franceses, como os grand crus e lieux-dits. Dessa mistura nasceu uma identidade própria forte, com elementos bem singulares: a especialização em varietais, a produção de vinhos bem marcados pela mineralidade e exuberância aromática e a garrafa tipicamente alsaciana (ver a seguir em Signos dos Vinhos ). O aroma marca não apenas os seus vinhos, mas também um queijo bem típico, o munster , peso pesado dentre os perfumados queijos da França, que desafia os mais versáteis paladares a apreciá-lo (ver a seguir em Harmonias ).

Sua vitivinicultura evoluiu novamente após a Primeira Guerra Mundial e hoje é um dos seus pilares econômicos em termos de produto agroalimentar. A partir de 1962 foi reconhecida como Appellation d'Origine Contrôlée , em 1975 teve seus grand crus e em 1976 o Crémant d'Alsace , espumante da região, segundo mais consumido na França após o Champagne. Seus vinhos têm reputação internacional e na França são consumidos especialmente ao leste e na região parisiense.

Embora situada numa região fria, ao nordeste da França, a Alsácia é uma das regiões mais visitadas do país, durante todo o ano. Colmar é a capital do vinho e tem como atração o seu centro histórico, onde está a Petite Venise , com suas casas Colombage, de f achada de madeira ao longo dos canais do Rio Lauch. Lá também tem uma cópia da estátua da Liberdade, já que é a cidade do criador do monumento novaiorquino, o escultor Frederic Auguste Bartholdi. A cidade é visitada também no período das festas de fim de ano, para os mercados de natal. Strasburgo é a capital da Alsácia, bela, majestosa, cultural. Lá se encontra a Petite France, patrimônio mundial da Unesco, com canais, colombages, flores...um quadro pintado com rara harmonia.

Quem vai visitar a região deve se programar para conseguir bons lugares e fica a dica de aluguel de estúdios para curta temporada, mais baratos e mais confortáveis. Indico o site: www.abritel.fr . A rota do vinho abrange 170km e muitas produções de peso estão próximas de villages como Ribeauvillé, Riquewihr, Bergheim, Hunawihr, cujas ruas ficam repletas de turistas.

O vinho rei, como dizem, é o Riesling e eu diria que a rainha é a Gewurztraminer. 93% dos vinhos produzidos são brancos, feitos, especialmente, a partir dessas castas, além da pinot blanc e pinot gris (também conhecida como tokay). Para os tintos, predomina a Pinot Noir. A exuberância da vitivinicultura se deve à sua variedade de solos, que lhe dá riqueza e diversidade, e ao seu clima semi-continental, um dos mais secos da França. O verão quente atinge as colinas de 200 e 400mts de altitude, favorecendo a maturação das vinhas que dão origem aos seus grand crus e a muitos vinhos de colheita tardia.(ver mais em Sobre Vinhos ).

Míriam Aguiar é publicitária, Mestre em Comunicação e Sociabilidade Contemporânea, pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Doutora em Comunicação e Cultura pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente desenvolve pesquisa de pós-doutorado pelo CPDA (Centro de Pós-Graduação em Ciências Sociais, Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade) da UFRRJ, em parceria com o CIRAD (Centre de Recherche Agronomique Development), na qual investiga a evolução da noção de qualidade do vinho em estudo comparado Brasil/França. Atua como professora e pesquisadora das áreas de Comunicação, Consumo e Enogastronomia e é autora dos livros: Comunicação no mercado de consumo transnacional: McDonald’s; a montagem do sabor igual sem igual e O vinho na era da técnica e da informação: um estudo sobre Brasil e Argentina. Veja mais em: http://www.dzai.com.br/2864/blog/osvinhosqueagentebebe



● MÁRCIO OLIVEIRA – VINOTICIAS – 18/11/2012

Escrevi o artigo “DEGUSTANDO O BEAUJOLAIS NOUVEAU VILLAGES 2012!” - O tradicional lançamento do Beaujolais Nouveau aconteceu neste ano em 15/11 – terceira quinta-feira do mês de novembro. Estava viajando por Mendoza nesta data, e tive a oportunidade de provar o vinho neste domingo. Uma festa e uma tradição que começou no início do século passado nos bistrots, restaurantes e brasseries de Lyon, e que se estendeu para o mundo. O Beaujolais Nouveau, como o nome diz, é para ser tomado jovem, está pronto e não vai ganhar nada se você guarda-lo, pelo contrário!

É um vinho alegre, agradável, frutado, saboroso, macio. Ótimo para happy hour. Se o produtor for bom e conceituado, tanto melhor! A oportunidade de degustar os vinhos desta safra ficou por conta do Beaujolais Villages Nouveau 2012 do produtor Joseph Drouhin, importado pela MISTRAL. O produtor Joseph Drouhin há 15 anos leva os melhores prêmios para seus vinhos. Se podemos dizer que o Beaujolais Nouveau é um vinho mais simples, sendo a base no portfólio, o Villages é uma versão mais profunda e concentrada do primeiro. A cor é de rubi escuro, lembrando a casca de uma cereja. Os aromas mostram frescor (neste ano os cachos tiveram a formação de uvas de menor tamanho), numa sucessão que lembram frutas frescas vermelhas, garantindo bom frescor e concentração. Na boca o vinho é macio e frutado. Os taninos estão “redondos”. Como sempre, corpo leve e ótimo para acompanhar frios, embutidos mais leves ou carnes em preparações menos condimentadas, ou ainda pratos leves como pizzas e quiches. Em BH você pode encontrar os Beaujolais na MISTRAL - Rua Cláudio Manoel, 723 - Savassi - BH. Tel.: (31) 3115-2100.

SOBRE O BEAUJOLAIS NOUVEAUX E OS DEMAIS BEAUJOLAIS: A idéia de lançar globalmente numa determinada data o Beaujolais Nouveau ― um estilo de vinho jovem e popular, feito para ser bebido quase geladinho a uns 10°C e o mais rápido possível, que originalmente foi um grande sucesso nos bistrôs parisienses do pós-guerra, nos anos 1950 e 1960 ― pareceu, durante um bom tempo, uma grande jogada comercial e de marketing dos franceses. A frase – “Le Beaujolais Nouveau est arrivé !”, inventada no fim da década de 1960, atravessou fronteiras e se tornou conhecida entre os amantes de vinho de vários países.

Durante a febre do Beaujolais Nouveau, esse tipo de vinho chegou a responder por cerca de 60% e toda a produção do Beaujolais. Tudo indicava que os franceses haviam descoberto uma mina de ouro. O produtor elaborava o vinho e, em questão de uns poucos meses (em vez de anos), vendia boa parte de sua colheita engarrafada e se capitalizava rapidamente. A onda do Beaujolais Nouveau teve seu auge no exterior no fim dos anos 1980 e chegou ao Brasil nos anos 1990.

O problema é que, de um estrondoso sucesso midíatico e de vendas, o Beaujolais Nouveau se tornou um problema para a região do Beaujolais. Cristalizou no longo prazo a imagem (injusta) de que todos os vinhos dessa zona vitícola, inclusive os melhores crus da região, são tão vulgares, industrializados e desprezíveis como o aroma artificial de banana presente nos piores Nouveaux. Com o passar do tempo, a demanda pelos vinhos da região, Beaujolais Nouveau inclusive, caiu. Hoje o Beaujolais está no meio de uma crise econômica, com produção em excesso e menos consumidores, a exemplo muitas zonas vitícolas do Velho Mundo. Segundo reportagem publicada em 2009 (e ainda assim atual !) no jornal econômico francês Les Echos, 3 mil hectares de vinhas foram arrancadas do Beaujolais nos últimos anos, domaines produtores fecharam ou foram vendidos e os preços dos vinhos da região estão em queda. A reportagem diz ainda que uma parcela das terras da região está sendo reconvertida para o plantio de uvas de mesas ou para outras culturas e que hoje há 19 mil hectares de vinhas no Beaujolais. Sinal dos tempos, a Chardonnay, a cepa branca mais popular no mundo e uma das estrelas da vizinha Borgonha, ganha espaço na região e já se pensa em limitar a sua presença ali a no máximo 10% do vinhedo local.

Não é de hoje que o Beaujolais, situado no sul da Borgonha, perto de Lyon, enfrenta grandes desafios. Historicamente, essa zona sofre de uma crise de identidade e complexo de inferioridade em relação à região-mãe (melhor seria dizer “madastra”) em que está inserida, a mítica Borgonha. De tempos em tempos, ressurge o eterno debate: a zona do Beaujolais é uma sub-região da Borgonha ou é uma área vitícola independente? Verdade se diga que nenhum produtor da Borgonha gosta de ser colocado par-a-par com a região de Beaujolais, o que funciona de maneira pejorativa. Assim como a garrafa azul fez tão mal aos verdadeiros brancos alemães, o Beaujolais Nouveau deixou uma péssima imagem dos autênticos Beaujolais.

Nos níveis mais altos, a expressão da uva Gamay impressiona pela variedade de estilos, criando “10 Crus do Beaujolais”. Cada “cru” é representado por uma comuna (cidade vinícola) e leva seu nome. Nesta região dos Crus, o solo tem mais granito, com porcentagens variadas de areia, com melhor drenagem a temperaturas mais altas. Toda a uva é colhida manualmente. Isto se dá, principalmente, porque o método de fermentação das uvas é por maceração carbônica e, para isso, as uvas precisam estar intactas, sem esmagamento pré-fermentativo.

Além das diferenças de solo, de clima e de vinificação, a região da Borgonha e de Beaujolais têm uma divergência ainda mais importante: o Beaujolais planta Gamay, uma cepa tinta, de reputação modesta e dada a produzir vinhos leves e pouco longevos, e a Borgonha (além da branca Chardonnay) cultiva a Pinot Noir, uva que fascina muitos conhecedores e dá rótulos estelares, capazes de envelhecer por décadas, como o Romanée Conti. É verdade que o resto da Borgonha (quase) não planta Gamay por razões históricas, digamos, de força maior: no final do século XIV, o Filipe II, o duque de Borgonha, confinou ao Beaujolais o cultivo de vinhedos de Gamay, cepa “vil e desleal”.

Apesar de terem sido sempre o patinho feio da Borgonha, os melhores vinhos do Beaujolais (um cru Molin -à-Vent, um Morgon ou um Chénas) ainda eram valorizados meio século atrás. “Nos anos 1950, um cru do Beaujolais era vendido ao preço de um grand cru da Borgonha”, escreveu o jornalista Bernard Burtschy numa reportagem publicada no jornal francês Le Figaro (2009). A frase pode ser um exagero, mas dá bem a medida de como as coisas mudaram desde que o mundo passou a associar o Beaujolais ao seu filho mais ligeiro, o Beaujolais Nouveau. Fora da França, o modesto Beaujolais Nouveau, que, bem feito, pode ser um vinho agradável para o verão, enfrenta ainda um problema extra: o preço relativamente alto. Para nós, brasileiros, vinho caro não é novidade. Já faz parte, infelizmente da paisagem nacional. Há os impostos, o custo Brasil, a malfadada ST, o lucro do importador, os ganhos dos intermediários… E, no caso do Beaujolais Nouveau, há o valor elevado de seu frete aéreo. O Beaujolais Nouveau só está disponível nos quatro cantos do mundo na data marcada porque viaja de avião da França para o seu destino final.

A uva Gamay é delicada, de taninos finos e tende aos aromas frutados, gera inclusive algumas expressões mais minerais, dependendo do ‘cru’, da constituição de seu solo e clima da safra. Alguns bons exemplos desenvolvem-se, melhorando tranquilamente, por 10 anos. Os famosos “crus” são:

● ST. AMOUR: Região fresca, precisa de safras ensolaradas.

● JULIÉNAS: Vinhedos altos dão grandes vinhos, considerados o máximo da qualidade. Frutados, intensos, com taninos firmes e ótima acidez, perfeitos para guardar.

● CHÉNAS: Seu nome vem dos “chênes” (carvalhos) que cresciam na área. Vinhedos sobre granito. Os de safras mais maduras agüentam um tempo de guarda.

● MOULIN A VENT: Um dos maiores e mais longevos vinhos do Beaujolais. Terrenos de areia rosa sobre granito e manganês. Precisa de certo tempo em garrafa para desenvolver aromas.

● FLEURIE: Exuberante, cheio de fruta e fácil de beber.

● CHIROUBLES: Fica pronto cedo, é leve e delicado.

● RÉGNIÉ: Solo leve, granito arenoso. Vinhos leves, aromáticos, delicados. Quanto mais ao sul, mais leves.

● MORGON: Aromas generosos de cereja e morango, com acidez marcada e refrescante. Esse vinho passa por barricas de carvalho e ao contrário de outros Beaujolais, atinge seu apogeu 05 anos após a colheita.

● BROUILLY: Maior produção de vinhos da região. Variam devido ao tamanho da AOC. Simples, mas com boa estrutura.

● CÔTE DE BROUILLY: Um pouco superior aos Brouilly. Frutados, ricos e vinosos.

Ai fica a pergunta, vale a pena provar o Beaujolais Nouveau de 2011? Eu penso que sim, pois só se pode opinar sobre aquilo que já bebeu-se! Nunca espero concentração, complexidade ou sedução num Beaujolais Nouveau. Procure por frescor, frutado, taninos macios e uma idéia que a vida pode ser mais bela, sem tanta preocupação. Afinal, não se pode levar tudo tão a sério que não se possa desfrutar de um vinho, pelo simples prazer de bebê-lo.

● PARA LER E REFLETIR

“Só as pessoas sem imaginação não conseguem encontrar um motivo para beber champanhe”. Oscar Wilde



Márcio P. Oliveira – 18/11/2012

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