segunda-feira, 12 de novembro de 2012

VINOTÍCIAS - DICAS SOBRE VINHOS - 46/2012 – Ano X

SELEÇÃO DE ARTIGOS VEICULADOS NA MÍDIA RELACIONADA A VINHOS




Os artigos a seguir são reproduções das matérias e arquivos veiculados nos principais jornais brasileiros, que tratam do tema, sendo citados sem nenhum valor de juízo, correções, inserções ou censura, procurando divulgar a cultura do vinho entre as pessoas que recebem o Vinotícias.



● JORGE LUCKI – VALOR ECONOMICO – ESTAMPA - 08/11/2012

Escreveu o artigo “UM ÍCONE CHILENO COM MUITA HISTÓRIA A CONTAR” - Para se distinguir no concorrido mercado vinícola internacional não basta mais ter só bons vinhos. Se é certo que o vinho tem de ter incontestáveis virtudes - não adianta blábláblá, a verdade está no copo -, é fundamental fazer com que essa mensagem chegue ao consumidor e que ele acredite nisso. São muitos candidatos para poucas vagas - e há certa desconfiança em relação aos calouros. Essa é a grande briga que se observa por trás das garrafas. Como convencer o comprador de vinhos de que o produto é bom? No mínimo tem que dar a cara para bater.

Foi o que fez Eduardo Chadwick, que comanda desde início da década de 1990 a Errázuriz, vinícola fundada em 1870 situada no Vale do Aconcágua, região distante cerca de 100 quilômetros ao norte de Santiago. Chadwick, pouco tempo depois de ter assumido o posto, foi procurado pelo lendário produtor americano Robert Mondavi, que havia ido ao Chile intrigado com o potencial que vislumbrava para a produção de grandes vinhos no país andino. Desse encontro nasceu o projeto Seña, concebido com o propósito de elaborar um tinto de ponta, que alcançasse sucesso mundo afora. Começava, na época, uma nova etapa dos vinhos chilenos, focados em alta qualidade, que viriam a compor a categoria ultrapremium, onde se incluía o Almaviva, Clos Apalta, Domus Aurea, Don Melchor e Santa Rita Casa Real, entre outros.

A primeira safra de Seña foi 1995 (70% de cabernet sauvignon e 30% de merlot e carmenère), produzida a partir de uma seleção dos melhores lotes de vinhas da região de Aconcágua. E assim foi sendo enquanto procuravam o local ideal para implantar o vinhedo definitivo, o que só ocorreu em 1999, numa área privilegiada situada a 40 quilômetros do Oceano Pacífico, suficientemente perto para se beneficiar da influência marítima, mas adequadamente protegida das brisas frias dele provenientes - dificultam a maturação de variedades bordalesas, composição prevista desde o princípio - por força de uma formação montanhosa. A partir de 2003, começaram a utilizar uvas da propriedade, proporção que foi sendo aos poucos aumentada, até alcançar em torno de 85% hoje.

Embora Seña se valesse do prestígio de Robert Mondavi para atingir diferentes mercados externos - na realidade, conseguia melhores resultados nos Estados Unidos -, o vinho começou a ganhar reconhecimento internacional quando Eduardo Chadwick, em função da quebra do Grupo Mondavi, comprou a participação do americano e partiu sozinho para divulgá-lo. Inspirado na célebre degustação que ficou conhecida como "O Julgamento de Paris", realizada por Steven Spurrier em 1976, em que vinhos californianos chegaram à frente de congêneres franceses, Chadwick se dispôs a encarar o desafio e colocou o Seña para duelar contra rótulos famosos da Europa em degustação às cegas.

Essa iniciativa audaciosa foi realizada na Alemanha, mercado importante e que merecia arriscar. A "Cata de Berlin", como ficou conhecida, foi realizada na cidade alemã em janeiro de 2004 e reuniu 40 especialistas europeus, entre jornalistas de expressão no setor e compradores profissionais de vinho. Os trabalhos foram comandados pelo mesmo (insuspeito e experiente) Steven Spurrier, e o ranking foi, pela ordem, Viñedo Chadwick 2000 (um single vineyard situado ao lado do Almaviva, no Vale do Maipo, o único vinho do grupo fora de Aconcágua), Seña 2001, Château Lafite 2000, Château Margaux 2001, Seña 2000, Château Margaux 2000, Château Latour 2000, Viñedo Chadwick 2001, Don Maximiano 2001, Château Latour 2001 e Solaia 2000. Eduardo não poderia esperar resultado melhor, o que lhe permitiu abrir mercados e chamar atenção de críticos influentes, caso de Robert Parker, que, coincidência ou não, passou a incluir o Chile em seu boletim bimestral Wine Advocate - os vinhos chilenos debutaram na edição 171, de junho de 2007.

Daí a repetir a experiência seria, segundo ele mesmo, arriscado, podendo comprometer o que já havia conseguido. Otávio Piva de Albuquerque, dono da Expand, importadora exclusiva do Seña para o Brasil, conseguiu convencê-lo a repetir a dose, o que acabou ocorrendo em novembro de 2005 em São Paulo - houve mais duas abertas ao público, uma na capital paulista e outra no Rio de Janeiro - com a presença de Spurrier. A relação dos vinhos, embora não exatamente idêntica à original, manteve a essência, com os mesmo dois chilenos tendo destaque, ocupando a segunda e terceira posições, atrás do Château Margaux 2001, algo de tirar o chapéu - o quarto classificado foi o Latour 2001, seguido do Seña 2000, Viñedo Chadwick 2001, Don Maximiano 2001, Guado al Tasso 2000, Château Lafite 2000 e em último Sassicaia 2000. Diante de tal confirmação, Eduardo ganhou ânimo e passou a promover as provas em outras partes do planeta, colocando safras mais recentes, sempre com bons resultados.

O fato de não haver mais dúvidas quanto à qualidade do Seña não fez Chadwick descansar. Ele iniciou uma empreitada para demonstrar que seu vinho tem potencial de guarda. Para tanto, começou a organizar degustações verticais, colocando safras antigas para provar sua capacidade de envelhecimento, requisito dos rótulos renomados. As primeiras foram realizadas em Hong Kong, Seul e Taipé há um ano. A última foi na semana passada, no Hotel Termas de Jahuel, distante cerca de 30 quilômetros da sede da Viña Errázuriz, nos pés da Cordilheira dos Andes. O evento fez parte de um extenso programa para celebrar a inauguração do Centro Biodinâmico, implantado no meio do vinhedo do Seña, um espaço especialmente concebido para desenvolver as práticas e os preparados utilizados no manejo das vinhas segundo os preceitos da escola biodinâmica, filosofia ali seguida desde 2005.

Já me referi outras vezes sobre os encantos de uma degustação que foca várias safras do mesmo vinho, pela possibilidade de mergulhar nos segredos de cada terroir, ver como ele reflete o que se passou climaticamente em cada ano. E, quando a vinícola é relativamente recente, essas provas permitem observar como elas evoluíram no período, o que é fundamental para se avaliar a seriedade do projeto e ver o que se pode esperar dele no futuro. Afinal, para um vinho que pretende entrar para o seleto grupo dos "grandes", ele precisa mostrar consistência, ter um passado para contar. Sem contestação, é o que demonstrou essa histórica vertical completa de Seña, começando pela safra de estreia, a de 1995, até a última engarrafada, 2010, conseguindo ainda revelar belas e surpreendentes nuances com mais anos em garrafa.

Aos cerca de 80 convidados de fora, entre jornalistas e importadores, juntaram-se quase outro tanto de chilenos ligados ao setor, que se acomodaram num enorme salão envidraçado para a degustação que reuniu a série completa de 16 safras, comentada por um grupo de quatro críticos internacionais que representam diferentes continentes onde Seña está presente, e conduzida por Francisco Baettig, enólogo-chefe da vinícola e demais projetos do grupo Errázuriz desde 2003.

A prova foi dividida em duas baterias de oito vinhos, começando pelos mais antigos. Mais importante do que preferências pessoais - apurada a média, o público mostrou predileção pela 2007, seguida da 2010, 2001, 1997 e 2000; e a mesa diretora se dividiu entre 2010, 2008, 2001 e 2005, com ponderações elogiosas às duas primeiras colheitas, 1995 e 1996 -, foi de fato constatar a bela evolução do vinho na garrafa, com as safras da década de 90 mostrando elegância e vivacidade, sem qualquer sinal de decadência. Até pelo contrário, fiquei particularmente seduzido pelo 1996, que trocou o ímpeto que tinha na juventude por um ar mais nobre e clássico. Uma bela a agradável surpresa.

Em termos de estilo, deixando de lado o excepcional 2001, que seguiu a linha dos anteriores, com forte contribuição da cabernet sauvignon - neste havia 75%, complementado com 15% de merlot, 6% de cabernet franc e 4% de carmenère -, nota-se uma mudança a partir de 2003 e que se consolidou de 2005 para a frente. Além da troca de comando, que por si só traz novas ideias e formas distintas de abordagem, deve-se levar em consideração as alterações na composição, que tem, de lá para cá, menos participação de cabernet sauvignon - hoje entre 55% e 59% - e uma maior presença de carmenère (20% de bom carmenère). Embora não discorde dos meus colegas de mesa, que se encantaram com o 2010, reconheço nele grandes virtudes, mas deixaria para julga-lo dentro de dois ou três anos, ficando agora, entre os mais recentes, com o excelente 2008. São, em todo caso, apostas certas.

Não se pode esperar nada diferente de Eduardo Chadwick, conhecido por sua hospitalidade, apego aos detalhes, busca pela excelência e arrojo. Incansável, fica-se na expectativa de saber quais serão seus próximos passos. Talvez, em termos concretos, seja a bodega do Seña, cujo local foi reservado no plano que contemplou o Centro Biodinâmico recém-inaugurado - por enquanto o vinho é vinificado nas modernas e bem montadas instalações da Errázuriz, entregue com toda a pompa há dois anos. Apesar de prevista para daqui a cinco anos, quem trabalha com ele acredita que o dinâmico Eduardo não vai aguentar esperar tanto tempo. Colaborador: Jorge Lucki - jorge.lucki@valor.com.br



● MARCELO COPELLO – BACOMULTIDIA E VINOTECA - 09/11/2012

Escreveu o artigo “ BRASIL ATRAI ESPECIALISTA EM VINHOS RAROS ” – Frank Martell é diretor da Heritage Auctions, uma das maiores casas de leilões e vinhos raros do mundo, baseada em Dalas-EUA, mas também com escritórios em Nova York, Beverly Hills, São Francisco, Paris e Genebra. Frank esteve no Brasil para conhecer nosso mercado (temos muitos compradores assíduos em leilões mundo afora) e para, sorte minha, provarmos algumas raridades, como o Petrus 1970 e o Massandra 1929.

Ele acompanhou de perto (e foi um dos responsáveis) pela explosão do mercado de vinhos em Hong Kong. Os impostos lá eram 80%, depois baixados a 40% e depois a ZERO. O resultado foi muito positivo. Um exemplo para ser analisado no Brasil, baixar impostos para aumentar o consumo.

Confira a entrevista no link http://www.youtube.com/watch?v=iZmh2GwNevQ

Colaboração: Marcelo Copello (mcopello@bacomultimidia.com.br )



● ALEXANDRA CORVO – FOLHA DE SÃO PAULO – MEU VINHO - 31/10/2012

Escreveu o artigo “ UMA MÃO PARA O SALMÃO ”- O salmão vem, já há alguns anos, passando por uma fase obscura. Chefs e supostos entendidos do tema da comida tendem a desprezá-lo por ser muito popular, por ser produzido em grandes volumes.

Não importa o que digam: o salmão é um peixe amado por todos, por sua gordura adocicada, sua textura amanteigada, sua generosidade de sabor.

Por isso é um peixe versátil para combinar com vinhos. Se comido cru, pode ficar agradável com brancos perfumados. O Chile, com seu clima ensolarado, dá vinhos que também têm gordura - o que é ótimo para a textura do peixe, mas também têm boa acidez, que acaba dando brilho à combinação.

Fritinho, com a pele crocante, ganha uma nota tostada charmosa e textura crocante, que pedem vinhos de sabores tostados. Aí entram brancos com algo de envelhecimento em barricas de carvalho novas, que também têm esse aspecto defumadinho, impossível não amar. Chardonnays do novo mundo estão aí pra isso.

Os molhos à base de soja, também muito encontrados em restaurantes orientais, adicionam, além da nota tostada, uma textura adocicada e um sabor levemente queimado.

Nestes casos, me atreveria, sem pudor, a harmonizar com um tinto leve, com taninos delicados e muita frutosidade. Um Beaujolais resolve tranquilamente este "problema".

E, claro, não podemos esquecer, as versões defumadas, temperadas com endro. Eles são salgados, com um retrogosto persistente que alia as notas de fumaça e herbáceas. Não erramos se escolhemos um vinho feito com uma uva exótica chamada Gruner Veltliner encontrada na Áustria.

Que deixem o salmão em paz, e daí que ele é popular? Ele é gostoso, fácil e amável. Como todo vinho deveria ser.

SUGESTÕES DE VINHO:

● Trinkvergnugen Gruner Veltliner 2011- Weingut Hirsch, Áustria. Aromas de ervas, boca cremosa com toque salgado. Onde Vinhos da Áustria, tel. 0/xx/11/4306-6151. Quanto R$ 97,30

● Ramirana Gran Reserva Sauvignon Blanc e Gewurztraminer 2011 – Chile. Toques de ervas frescas. Boca cheia e frutada, acidez fresca. Onde Cantu, tel. 0/xx/11/2144.4455 - Quanto R$ R$ 57. Em BH - CANTU, tel. 0/xx/11/5574-5789. QUANTO R$ 72. Em BH- Fine Food - www.finefoodbh.com.br -Tel: (31) 2526-3699.

● Beaujolais Villages Combe Aux Jacques 2009 - Louis Jadot. Aromas delicados de frutas maduras. Fresco em boca, com textura delicada. Onde Mistral, tel. 0/xx/11/3372-3400 - Quanto R$ 83. Em BH: MISTRAL - Rua Cláudio Manoel, 723 - Savassi - BH. Tel.: (31) 3115-2100.

● Morada Vineyards Chardonnay 2010 – Califórnia: Toques de frutas cítricas e um fundinho defumado. Refrescante com certa cremosidade. Onde Smart Buy Wines, tel. 0/xx/11/3045-5536 - Quanto R$ 59

Alexandra Corvo trabalhou por 15 anos como sommelière nos EUA, Europa e Brasil. Hoje é proprietária do Ciclo das Vinhas – Escola do Vinho. Escreve semanalmente, às quartas, na versão on-line do “Comida” e a cada duas semanas na versão impressa do caderno.

● LUIZ HORTA – O ESTADO DE SÃO PAULO - PALADAR – GLUPT – 08/11/2012

Escreveu o artigo “É DONA DA QUINTA, E PEGA NO PESADO” – Conheci a produtora de vinhos Sophia Bergqvist na Expovinis. Ela se apresentou com perfeito português lusitano, mas com um muito britânico senso autodepreciativo de ironia: "Sou inglesa, claro, você percebe pelo meu sotaque". Quando o IVDP (Instituto do Vinho do Douro e do Porto) me convidou para ir à região, me hospedei na sua Quinta de la Rosa (www.quintadelarosa.com ).

O palacete é praticamente um centro cultural. Sophia retomou a vocação da avó, que amava a casa e lutou para não perdê-la nos momentos mais complicados de crises econômicas. Gostava de ter sempre gente hospedada, expatriados ingleses, escritores, ativistas gays, pintores.

Durante a 2ª Guerra o artista David Ponsonby ficou meses produzindo aquarelas, que estão penduradas pelas paredes da casa. Sophia é do tipo de anfitriã que não quer só mostrar os seus vinhos, quer que se entenda por que eles são como são. Para isso, promove visita à cidade e ao açougue local (com degustação de "fumados" no balcão), passeio de lancha no qual aponta as grandes propriedades do Douro e explica cada uma, fala das famílias, umas poucas fofocas, organiza piquenique no alto da montanha. Estimula a curiosidade pela sua casa - "pode abrir as prateleiras, tire um tempo para olhar os livros, há centenas, vai gostar".

Fiz visitas assim duas vezes antes, ao Uruguai na companhia do produtor de vinhos Daniel Pisano e ao País Basco com o chef Andoni Luis Aduriz, do Mugaritz. Gente que se esforça para ensinar o entorno e a cultura, professores generosos de terroir no sentido amplo da expressão.

De la grua. As conversas foram noite adentro, apesar da reforma de ampliação que Bergqvist dirigia na cantina, com enorme guindaste carregando tanques inox para dentro, e da ampliação da pousada que gere em prédio anexo. Parece trivial, mas a posição da quinta lambendo o rio, à qual se chega apenas por uma estradinha bem estreita, tornava toda a operação perigosa e complicada. Apelidei o lugar de "quinta de la grua" e ela se divertiu com sonora gargalhada, repetindo a brincadeira. "Passo uma parte do ano em Londres, mas minha vida está aqui e aqui minhas cinzas serão jogadas."

Chamei-a de Ottoline Morell, a famosa anfitriã do grupo Bloomsbury (de Virginia Woolf, Maynard Keynes, Duncan Grant e outros). Ela não pareceu satisfeita. Ottoline era socialite demais, e Sophia, faz questão de pegar no pesado, colhe uvas, participa do plantio, trabalha duro.

Mesmo em vésperas de colheita, com ameaça de granizo e três adolescentes na casa, amigos do filho, organizou com cuidado para a coluna uma prova de todos os seus vinhos; depois outra, com vinhos de mesa de 12 produtores da região; e ainda agendou uma visita à Wine and Soul. A vinícola de Sandra Tavares da Silva e Jorge Serôdio Borges, e me levou às profundezas de seu depósito, de onde resgatou uma garrafa de um vintage 1960 em homenagem ao meu companheiro de viagem. O vinho, decantado num dos inúmeros decantadores da coleção que começou com a sua avó, estava soberbo com queijos portugueses.

Apego ao Tawny. Ao fim da degustação dos De la Rosas, carreguei seu Tawny 10 anos e ficamos conversando no pátio. O vinho é delicioso, a noite estava abafada e não parecia animador encerrar o dia. Eu hesitava em terminar a jornada e largar o Tawny na mesa, ainda pela metade e ir dormir. Ela percebeu: "Leve para seu quarto, você pode escovar os dentes com ele". Levei, mas usei de modo melhor: bebi.

**** Quinta de la Rosa Reserva 2007- O vinho superior da vinícola. Provei uma minivertical, de 2007 a 2010, todos muito equilibrados e com mineralidade marcante. Fez lembrar os Graves. O 2007, disponível no mercado brasileiro, está com a madeira perfeitamente integrada, taninos polidos e boa acidez. Foi o mais sutil deles. Belo, aguenta guarda, embora não vá modificar muito. Pronto para beber (R$ 296)

*** La Rosa DOC 2008 - Mesmas castas do Dou (Touriga Nacional, Touriga Francesa, Tinta Barroca e Tinta Roriz), mas com tratamento mais solene. Eis um Douro para guarda. Provei o 2008, 2009 e o 2010; o 2008 foi o que mais agradou: bela evolução, taninos finos, ainda tem bastante fruta no nariz; toque tostado, é opulento na boca, sem exagero, longo e muito mineral. Na minha caderneta decifrei a palavra: sensacional (R$ 108)

*** Dou Rosa Branco - Os brancos de Sophia são notáveis. Os Quintas de la Rosa, esgotados no Brasil, estão entre os top 50 brancos portugueses de Jancis Robinson. Este, mais simples, mostra a estirpe. Mineral, é perfeito com frutos do mar (R$ 76)

*** Dou Rosa Tinto - Um ótimo tinto intermediário, mais longo que o Vale da Clara, não perde o frescor e a delicadeza dos taninos. Um corte bem do Douro, elegante, frutado mas consistente, promete evolução na garrafa. Belo vinho (R$ 76)

*** Vale da Clara - Um vinho excelente pelo preço, bem floral no nariz, muito frutado, boa acidez, taninos presentes, fácil de beber, corpo médio, agradável, para ter em casa e tomar no almoço de domingo (R$ 54)

G! **** Don Nuño Oloroso - Eu sei, fui ao Douro para provar os vinhos de mesa, que revolucionaram a região e a tiraram do declínio que o injusto esquecimento que os fortificados.

- madeiras, portos, moscatéis e jerezes - vêm vivendo. Ainda assim, se eu tiver de escolher um único vinho para terminar minha noite, será um Tawny. Foi o que fiz com este Quinta de la Rosa, que tem duas características encantadoras nesse tipo de vinho: complexidade aromática, com frutos secos e amêndoas e, na boca, a mistura ideal de doce e ácido. Este tesouro acompanha até complicados pensamentos filosóficos. Definitivamente, meu vinho para o final de ano (R$ 150).

- Viagem engarrafada / Parada nº 54/100 - Douro, Portugal.

Legenda: G!- Favorito **** Excelente *** Muito Bom ** Bom * Regular



● RENATO QUINTINO – PAMPULHA – TURISMO – SABORES DO MUNDO – 11/11/2012

Escreveu o artigo “ LONDRES, PUBS E MATCH POINT ” – Se Madri tem ranking de bar de tapas, Londres tem de pubs. Uma das maiores instituições da cidade, um pub é (ou era) um lugar com fliperamas, um alvo na parede para ser acertado com flechas, um carpete estampado, papel de parede colorido, poltronas de veludo alternadas com mesas e sofás e, claro, um enorme bar com biqueiras de onde saem cervejas nem sempre frias.

Hoje, a decoração, felizmente, mudou, com o conceito de “gastropub”, que está para Londres assim como o “bistronomique” está para Paris, onde tradições são revisitadas num ambiente moderno e despretensioso com um claro investimento na qualidade da comida, o que os clientes agradecem.

Receita: O melhor de um pub é fazer como os londrinos, comprar a“pint” (caneco de meio litro) de cerveja e beber lá fora, “vendo o movimento”. A comida vai de regular a boa, sendo bom evitar a “shepherd pie” (escondidinho com massa feita de batata) e o “yorkshire pudding” (bolinho ou pãozinho salgado para se comer como sanduíche) e, sim, escolher uma carne cozida com cerveja preta, um “fish and chips” (peixe e batata) e finalizar com uma “apple pie” (torta de maçã) com custard.

Para quem vai a Londres para um torneio de tênis ou para quem vai depois, não se deve visitar a cidade sem passar por um pub. São centenas na cidade, e a revista “Time Out” (www.timeout.com/london ) ajuda a escolher os melhores do ano.

Uma boa dica é o Long Acre, em Convent Garden, sempre cheio, jovial, com ótima comida, e o Queen Victoria, mais sóbrio, um pouco mais longe, mas excelente.

No mais, Londres é destino certo para quem quer comer bem em excelentes restaurantes, como Dinner, Spice Market, St. John, Ottolenghi, Hawsksmoor, Pollen Street Social, Wild Honey, Lauceston Place, Geales e o imperdível Borough Market.

E o melhor: ao contrário dos parisienses, os restaurantes londrinos têm websites, respondem aos e-mails de pedido de reserva rapidamente e com a polidez habitual do povo mais educado do mundo. RENATO QUINTINO é professor e consultor de gastronomia, vinhos e harmonização, escreve a coluna Turismo do Jornal PAMPULHA e o blog: www.renatoquintino.com.br



● MÁRCIO OLIVEIRA – VINOTICIAS – 11/11/2012

Escrevi o artigo “UM MOMENTO CERTO PARA CADA VINHO !” - Muitos amigos leitores me perguntam quanto tempo devem esperar para abrir uma garrafa de um vinho especial? De forma geral, as pessoas se lembram do ditado que diz: – “quanto mais velho melhor!”, mas em certas situações, vemos que se demoramos demais para degustar um vinho, ele poderá estar “descendo a montanha”, mostrando os primeiros sinais de sua decadência.

Para outros leitores, a pergunta fundamental é quanto tempo antes da degustação o vinho deveria ser aberto? Se o vinho deveria ser decantado ou não? Cada vez mais explicamos aos amantes do vinho que a decantação é uma operação usada para separar a borra que se formou no vinho ao longo de seu período de envelhecimento na garrafa (o que é válido para bons e grandes vinhos, mas não necessariamente verdadeiro quando se trata de vinhos comuns para o dia-a-dia). Isto não representa demérito nenhum, mas pura constatação que a grande maioria dos vinhos atuais, argentinos e chilenos, está pronto para taça num prazo máximo entre 4 a 5 anos. A decantação é benéfica para vinhos jovens e potentes, abrindo seus aromas e sabores rapidamente, dando mais prazer para quem não consegue esperar 30 a 40 minutos para começar a beber um bom tinto. Mas não se esqueça de sentir os aromas nos primeiros momentos, afinal, como avaliar a evolução do vinho e sua melhora, se não criarmos o parâmetro inicial? Em geral , em meia hora, o vinho se abre e fica no ponto para a taça!

Muitas vezes a dúvida é saber se é hora de beber um vinho comprado com todo carinho numa viagem ao exterior, ou trazido como lembrança por um amigo ! Há vinhos que classicamente devem ser decantados para abrirem seus aromas e separar borras, pois estiveram fechados em garrafas por muitos anos, décadas. Quantas vezes, pelo medo de desfazer uma bela coleção de vinhos, o tempo passa e determina o ocaso de um tesouro, sem respeitar nomes de rótulos, denominações de origem, produtores excepcionais, e não devidamente climatizados numa adega apropriada.

Muitas destas perguntas que são enviadas por leitores interessados em obter o maior prazer de suas taças, acabam sendo dependentes de uma palavra importante; o tempo certo para cada vinho, a hora ideal para ser degustado, é RELATIVA. As safras podem variar de maneira catastrófica em países do Velho Mundo, onde as condições climáticas variam substancialmente ao longo das estações e dos anos. Nos países do Novo Mundo, estas mudanças climáticas são menores. Mendoza na Argentina, por exemplo, se beneficia de um clima estável a maior parte do ano por estar aos pés dos Andes (uma grande barreira natural), bem longe da influência do mar, com três dias de chuva/ano, somando cerca de 200 a 280 mm de precipitação anual, garantindo boa sanidade das vinhas, pois a umidade que propicia o desenvolvimento de fungos e bactérias pode ser controlada. A Irrigação no caso é feita por uma intrincada rede de canais que trazem as águas do degelo dos Andes.

Há uma grande diversidade de fatores que determinam por outro lado o momento ideal para se abrir uma garrafa. Leve em conta a grande variedade de estilos de vinhos, as castas que os produziram, mas isto não é uma regra simples, pois há bons e médios produtores, há maneiras diferentes de armazenagem para a viagem dos vinhos (containers climatizados ou não, viagens diretas ou com grandes traslados). Isto tudo depende portanto da forma como as garrafas foram armazenadas, sem esquecer da qualidade das rolhas.

A questão da casta de uva que originou o vinho, idade média das vinhas, sistema de vinificação, tempo de maturação e afinamento em garrafa também contam muito nesta hora, sem esquecer a taça adequada. Quanto mais tenho tido a oportunidade de degustar vinhos feitos há 15, 20 anos, mais observo a questão. Neste ano de 2005, tive a oportunidade de degustar por duas vezes, em ocasiões diferentes, vinhos espanhóis do ano de 1964. E como estavam ótimos ! No esplendor de sua vida, no momento certo para serem aproveitados ao máximo. Guardados por mais de 40 anos na garrafa, estavam excelentes (decantados para separar a borra e ir sentindo a evolução deles na taça).

O raciocínio é válido para a maioria dos grandes clássicos franceses, italianos e portugueses. Evidentemente, há certos tipos de vinhos que estão prontos para serem degustados e já são excelentes tão logo que vão para o mercado, como os brancos frutados Sauvignon Blancs chilenos, ou os Malbecs argentinos em sua maioria próprios para o dia-a-dia. Bebê-los em sua juventude será o ideal. Eles são feitos para isto. Um bom estudo de todas as características da uva, região produtora, qualidade do produtor, importador, ajudarão a saber quanto tempo o vinho poderá precisar para expressar todo o seu auge. Lembro que muitas vezes o conjunto vinho, taça, temperatura correta de serviço e harmonização é muito mais importante do que pensamos.

Quantos de nós não determina que um vinho só possa ser degustado quando um fato especial acontecer: Quando o time for campeão de futebol, ou não for rebaixado!. Quando o filho formar em Direito, ou a filha se casar ! Nascer o primeiro neto ! São tantas as oportunidades especiais ! A vida passa rapidamente, e a cada dia percebo que perdemos oportunidades maravilhosas de passar os melhores momentos com as pessoas que amamos. Se você escolher que esta é a hora para beber aquele vinho especial, faça-o em grande estilo. Nada é eterno !. Compartilhar a vida em cada taça de vinho, com os melhores amigos, ou num momento de reflexão, tornando cada momento um instante especial parece-me a melhor política. A vida é muito curta para se beber maus vinhos! Para se fazer a colheita, elaborar vinhos, ter Denominação de Origem, há muitas regras; para apreciar um bom vinho há uma única regra: faça-o com gosto, aproveite o momento, divirta-se, tenha uma boa taça e um bom motivo... deguste!



● PARA LER E REFLETIR

“Todo o grande vinho é caro, mas nem todo o vinho caro é grande!” João Filipe Clemente



Márcio P. Oliveira – 11/11/2012

Tel.: (31) 8839-3341 Blog.: vinoticiasbh.blogspot.com

E-mail: molivier@ig.com.br molivierbh@gmail.com

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